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Teoria da oferta e demanda

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Não havendo intervenção governamental (por exemplo, por meio da imposição de controles de preços ou qualquer outra política de regulamentação), a oferta e a demanda de uma mercadoria entrarão em equilíbrio, determinando o preço de mercado, bem como a quantidade produzida. Tal preço e tal quantidade dependerão das características específicas da oferta e da demanda. As variações do preço e da quantidade ao longo do tempo dependem de como a oferta e a demanda reagem a outras variáveis econômicas, como a atividade econômica agregada e os custos da mão de obra, que também podem estar sofrendo alterações.

Pindyck e Rubifeld, p. 21

Na coluna anterior tratei sobre os fundamentos do mercado. Em particular e de forma muito resumida, mercado é uma conjunção de pessoas (compradores e vendedores) que decidem fazer negócios em determinado bem ou serviço. A interação entre a compra e a venda destes objetos determina o que é comumente chamado de lei da oferta e demanda. Mas, este termo vem do senso comum. Antes, um passo atrás.

Em Ciência tratamos dos eventos ou fenômenos de forma modelar. Ou seja, modelamos ou teorizamos sobre como as coisas acontecem. Os físicos, por exemplo, fazem observações sobre queda de corpos em determinadas alturas e chegam a conclusão da lei da gravitação universal de Newton, aquela que estudamos no ensino médio. Por outro lado, os economistas separam as áreas de estudo em diversos ramos, e um deles é a microeconomia: ramo da economia que estuda as escolhas específicas feitas por consumidores e produtores (Goolsbee et. al., p. 75). Ou, de forma muito semelhante, Krugman coloca que a microeconomia é o estudo de como os indivíduos tomam decisões e de como essas decisões interagem (Krugman e Wells, p. 36).

Modelo ou teoria, em Ciência, tem uma conotação diferente do senso comum. Usando novamente as palavras de Krugman: “Um modelo é qualquer representação simplificada da realidade utilizada para entender melhor as situações da vida real” (Krugman e Wells, p. 82). Já “a teoria econômica consiste principalmente de uma coleção de modelos, uma série de representações simplificadas da realidade econômica que nos permite compreender uma variedade de questões econômicas (Krugman e Wells, p. 83).

E é dentro da Microeconomia que surge ideia ou a teoria da oferta e demanda (alguns autores chamam-na de modelo da oferta e demanda). Esta teoria abrange outros modelos. Veja a figura abaixo:

Vasconcellos, p. 40

Veja que a teoria da demanda ou procura abarca a teoria do consumidor e a demanda de mercado. Já a teoria da oferta conecta com a oferta individual, onde há as teorias da produção e dos custos de produção, e a oferta de mercado. Os outros pontos são ramificações da Microeconomia. Em outros textos futuros veremos estas teorias com um pouco mais de detalhes.

Como já vimos o mercado é uma interação entre vendedores e compradores de bens e serviços. Só que para ter comércio no mercado há alguns pontos que devem ser observados. Estes pontos delineiam o comportamento de um mercado competitivo. O mercado competitivo é um modelo que descreve mecanismos de funcionamento de um mercado qualquer e que, caso não haja intervenção governamental, ele declina para o equilíbrio de preço. Isso veremos em outra oportunidade futura com mais detalhes.

Para um mercado qualquer funcionar há diversos fatores que influenciam os seus mecanismos. Podemos listar pelo menos quatro elementos essenciais em uma teoria de oferta e demanda (Krugman e Wells, 158):

1) A curva da demanda: é um gráfico representativo e visual que demonstra a variação da quantidade versus preço de um determinado bem ou serviço que é procurado ou demandado pelos compradores. A quantidade de produtos desse gráfico é a quantidade demandada;

2) A curva da oferta: é um gráfico representativo e visual que demonstra a variação da quantidade versus preço de um determinado bem ou serviço que é ofertado pelos vendedores.

3) O conjunto de fatores que faz a curva da demanda ou oferta se deslocarem: mudança nos preços de bens ou serviços, mudança na renda, mudança nos gostos, mudança no número de consumidores e mudança nas expectativas são alguns desses fatores;

4) O equilíbrio de mercado: é o ponto de intersecção entre as curvas de oferta e demanda. Ele apresenta o preço e a quantidade.

Para finalizar a nossa coluna de hoje, uma aplicação prática. Antes, vamos definir o que é empresário. Nas palavras de Israel Kirzner:

Na nossa visão, o mercado compõe-se, durante qualquer período de tempo, da interação das decisões de consumidores, empresários -produtores e proprietários de recursos. Num determinado período, nem todas as decisões podem ser concretizadas, já que muitas delas podem prever erroneamente ou depender de outras decisões que, na realidade, não estão sendo tomadas. E também, muitas das decisões que são concretizadas com êxito num determinado período podem demonstrar mais tarde não terem sido as melhores vias de ação possíveis.

Kirzner, p. 19/20

Em um outro trecho, Kirzner completa:

O ponto chave é que a atividade empresarial pura só é exercida na ausência da posse inicial de cabedais. Outras funções no mercado envolvem invariavelmente uma busca das melhores oportunidades de troca para traduzir um ativo inicialmente possuído em alguma coisa mais avidamente desejada. O empresário “puro” observa a oportunidade de vender alguma coisa a um preço mais alto do que aquele a que ele a pode comprar.

Kirzner, p. 25

Jesus Huerta de Soto no excelente livro Socialismo, cálculo econômico e função empresarial coloca a simples e fácil compreensão do que um empresário faz:

Em sentido estrito, a função empresarial consiste basicamente em descobrir e apreciar as oportunidades de alcançar algum fim — ou, se se preferir, de conseguir algum ganho ou lucro — que se apresentam no seu entorno, e agir de forma a aproveitá-las.

Soto, p. 42

Apenas para completar a definição, aliás, para melhor destacar, professor Mises:

No contexto da teoria econômica, o significado dos termos em questão é o seguinte: empresário significa o agente homem em relação às mudanças que ocorrem nos dados do mercado. Capitalista e proprietário significam o agente homem em relação às mudanças de valor e de preço que, mesmo quando os dados do mercado permanecem inalterados, decorrem da mera passagem de tempo em consequência da diferença na valoração de bens presentes e bens futuros. Trabalhador significa o homem em relação à utilização do fator de produção trabalho humano. Assim, cada função é primorosamente integrada: o empresário ganha lucros e sofre perdas; os donos dos meios de produção (bens de capital ou terra) ganham o juro original; os trabalhadores ganham salários.

Mises, p. 310/3011

Para os nossos propósitos mais práticos, o empresário pode ser sintetizado como o agente que executa a atividade empresarial. É o que está em operação constante para a manutenção da firma (empresa). E esta pessoa tem uma responsabilidade gigantesca, pois é dela a dependência do sucesso ou não de todo o negócio. E é justamente aqui que entra as funções de um contador, advogado e outras como auxílio na tomada de decisões, que são diversas: aplicação de ativos. Por definição, empresário é diferente de empreendedor. Mas isso é tema para outra coluna.

Ficou em dúvida, quer fazer alguma crítica / sugestão / elogio? Deixe seu comentário abaixo e terei o prazer em te responder aqui ou em algum artigo específico.

Aqui deixarei sempre as referências utilizadas no texto e sugestão de leitura para aprofundamento sobre o tema:

DE SOTO, J. Socialismo, cálculo econômico e função empresarial. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2013. Disponível gratuitamente no site Mises Brasil: https://mises.org.br/livros/122/socialismo-calculo-economico-e-funcao-empresarial;

KRUGMAN, P. e WELLS, R. Microeconomias. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier: 2015;

MISES, L. Ação humana: um tratado de economia. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010. Disponível gratuitamente no site Mises Brasil: https://mises.org.br/livros/90/acao-humana-um-tratado-de-economia;

PINDYCK, R. e RUBINFELDS, D. Microeconomia. 8ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013;

VASCONCELLOS, M. Economia: micro e macro. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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